25 fevereiro, 2016

Umberto Eco - O cemitério de Praga

Editora Record (Edição Brasileira)
480 páginas
Tradutor:Joana Angélica d'Ávila Melo
Avaliação de 0 a 10: 7

Talvez você me diga espantado Umberto Eco, um 7? Sim e já explico o porque: esse não é um livro comum e também não é qualquer um que consegue lê-lo.
O autor faleceu esse mês e era um mestre da linguística, um especialista em história medieval, um estudioso impecável. Talentosíssimo, nenhuma palavra conseguiria defini-lo, um autor inquieto de visão perspicaz. Tremendo.
Sua primeira obra bombou como diria o povo, "O nome da Rosa" estourou em vendas, virou um best seller e teve uma versão para o cinema com ninguém menos que Sean Connery no papel principal e Christian Slater bem novinho na época.

Qual a diferença desse para o primeiro? Não dá para comparar, o enredo é lento e demora bastante para te entusiasmar. Chega a ser cansativo, são descrições super extensas, isso sem falar nas citações em outros idiomas. 
O que tem de bom? Os eventos históricos reais se misturam com a ficção e a maioria dos personagens também, você encontrará Freud e Garibaldi, misturado a isso tudo o protagonista é medonho, sim, isso mesmo, tão bem composto que chega a ser insuportável: é difícil, paranoico, extremamente racista, odeia tudo e a todos e faz. Inimigo feroz dos judeus, é falsário, mentiroso, obcecado e por não dizer assassino.
O enredo do apresenta uma visão da Europa no século XIX, o roteiro passa pela Itália (Turim, Palermo) e chega na França (Paris). Lá você se encontrará com o falsário, um abade, a obra que inspirará Hitler na perseguição dos judeus (Os protocolos dos sábios anciãos de Sião), conspirações, crimes hediondos, satanismo e missas negras.
Nada é simples nesse livro.

Se você gosta de livros mais amenos não irá gostar com certeza. Essa obra é para amantes de história e para quem gosta de erudição. Umberto Eco sempre será o mestre dos mestres nesse gênero.

24 fevereiro, 2016

Harlan Coben - Sem deixar rastros

Editora Arqueiro
272 páginas
Avaliação de 0 a 10: 4,5 - Razoável.



Talvez eu compre uma briga com os fãs de Harlan Coben, que o amam obstinadamente, não sei se comecei pelo livro errado, mas é sério, não consegui descobrir o que acham de tão maravilhoso nele.
O autor é premiadíssimo e quase uma unanimidade em termos de suspense.
Segundo a Wikpédia, é citado como "engenhoso" pela New York Times, "pungente e perspicaz" no Los Angeles Times, "consistentemente divertido' pela Houston Chronicle e "magnífico" no Chicago Tribune. A Philadelphia Inquirer intitulou-o como "mais lido" e críticos da People disseram que você corre para virar as páginas além de conter muito suspense e, constantemente, muitas surpresas divertidas".

O livro é mediano, sua escrita é "fácil" e bem direta, chega a ser simples, todos os personagens são transparentes e sinto muito em dizer, óbvios, comuns, superficiais e nada, nada surpreendentes. A ideia principal não é ruim, mas a impressão que eu tenho é que o escritor optou em não desenvolver mais profundamente a história, que gira em torno de um ex-jogador de basquete que tendo uma lesão gravíssima no início da carreira se vê obrigado a abandonar o sonho das quadras e se torna um agente desportivo e aspirante a detetive. Myron Bolitar é seu nome. 

Chamado pelos dirigentes de uma equipe e pelo treinador para tentar localizar o pivô do time, a estrela que desapareceu sem deixar rastros, é introduzido novamente nas quadras para levantar informações sem chamar atenção ou despertar suspeitas.

Coben pincela o mundo do agenciamento de atletas muito de leve, esse tema por si só daria para escrever uma obra espetacular mostrando os bastidores das negociações e os interesses escusos envolvidos por trás de toda grande equipe. Mas ele não vai por aí, passeia também por relacionamentos frustrados, casamentos arruinados, uma pincelada de prostituição, um amigo fortão, ricaço, tudo muito por cima, muito na superfície.
O final é bom, mas você fica com a sensação de que viu um filme que poderia ter sido melhor dirigido, uma cena que poderia ter sido mais explorada.
Prá não ficar na decepção completa vou tentar ler mais alguma coisa desse autor de 54 anos que vende milhares de livros.
Se souber de algum que considere muito bom,me indique, vamos ver se ele me pegou num mau dia.

09 fevereiro, 2016

Ken Follet - Mundo sem fim

Editora Arqueiro
942 páginas
Avaliação de 0 a 10, 9,5!!!! É muito bom.
tradução: Pinheiro de Lemos

Ken Follett é um dos melhores autores do mundo quando se trata de romance histórico. Sim, ele é um pesquisador exemplar, falo isso porque tive a oportunidade de cursar História na USP e ele não deixa prá ninguém.

Mundo sem Fim é o último livro da trilogia iniciada com Pilares da Terra, segundo o site do autor a obra já vendeu mais de quatro milhões de exemplares desde seu lançamento em 2007.

Os descendentes dos personagens de Pilares da Terra são os protagonistas desse romance espetacular, que apesar de ser um calhamaço, não te deixa perder o fôlego até terminar. Aliás é um daqueles livros que quando percebemos que está acabando começamos a enrolar porque não queremos ficar longe dos personagens nunca mais.
A história começa com 4 crianças que presenciam uma morte e "juram" entre si não contarem o fato para ninguém, o detalhe é que na Idade Média nada é fácil, as classes sociais são muito distintas, o poder da classe nobre sobre os pobres é terrível e sobre todos eles o poder inquestionável da Igreja, poder de vida e de morte sobre todo e qualquer cidadão que possa interferir nos seus interesses. Interesses esses que estão muito, mas muito longe daqueles que são pregados no Evangelho.
A obra de Ken Follett dá um panorama do que era a vida nessa época, a falsa santidade, a intenção financeira mascarada por trás das atitudes, a opressão, a ignorância, punição e sentenciamento à morte.  
Uma verruga, sentença de morte por
afogamento.
Você sabia que nessa época uma verruga era sinal de que havia sido feito pacto com o demônio? Pois é, tudo muito real e assustador. Esses fatores aliados a uma boa história de amor trouxeram o sucesso mais que merecido ao livro.
Apesar de enorme, a escrita de Follett é ágil e detalhada ao mesmo tempo, dá a sensação de estarmos vivendo no principado de Kingsbridge onde se desenrola a trama principal. O livro também é um instrumento de questionamento: até que ponto temos que aceitar as convenções sociais e abandonar nossos sonhos? Até que ponto temos que abrir mão daquilo que acreditamos para ficarmos vivos? E se ficarmos vivos, vale a pena depois de abrir mão daquilo que realmente é o sentido de nossas vidas?
Delicie-se, vale muito à pena cada frase deste livro.

01 fevereiro, 2016

Noah Gordon, O Físico

Editora: Rocco
596 páginas
Avaliação:  Recomendadíssimo, de 0 a 10:10!
Um dos melhores livros que já li. Muita gente apresenta esse livro como a história dos primórdios da medicina, na minha humilde opinião considero-o como a história da paixão de um homem por um ideal é sua luta incansável para atingí-lo.
Ele realmente trata de um jovem que deseja ser médico, só que em plena idade média alta (século XI). Sim, nós não temos a mínima idéia de como as coisas eram em um mundo dominado pela  Igreja e que considerava a autópsia um pecado mortal. 
A vantagem desse livro é a maestria do autor,  que consegue misturar com perfeição amor, ideal, fanatismo,  aventura, história, fantasia e sobrenatural de uma tal maneira que você não vê, acredite, as 600 páginas passarem. É impressionante. 
A história se passa em torno de um menino qué tendo ficado órfão acaba se tornando aprendiz de um barbeiro. Sua saga é atravessar a Europa,  chegar ao Oriente Médio e ingressar numa escola proibida para estrangeiros. Tudo isso mostrando os costumes,  os perigos,  as identidades falsas que o protagonista adota para sobreviver. 
Ah, um detalhe espetacular são as receitas preparadas pelo barbeiro que dão água na boca e te despertam a vontade de cozinhar.
Boas pitadas de humor, suspense e paixão. 
Tudo na medida certa!  Não perca a oportunidade de ler.