30 junho, 2016

Paulo Sertek - Responsabilidade Social e Competência Inter Pessoal

Editor IBPEX
398 áginas
Gênero: Educação, Recursos Humanos, Inteligência Emocional
Avaliação de zero a dez: 7

E aí vamos nós, o que é responsabilidade Social para você? Já leu alguma coisa, já parou para pensar sobre isso ou está esperando chegar na faculdade e algum professor te obrigar a pensar no assunto?
Paulo Sertek
Primeiro vamos falar de, Paulo Sertek, que talvez você não conheça. Doutor em Educação, Professor na Universidade Federal do Paraná, é autor de vários livros, também é mestre em tecnologia e desenvolvimento, além de ser graduado em Engenharia Mecânica. Resumindo, tem e teve uma vida dedicada à educação.
Para alguns sociólogos a responsabilidade social é a forma de retribuir a alguém, por algo alcançado ou permitido, modificando hábitos e costumes ou perfil do sujeito ou local que recebe o impacto. Diz respeito ao cumprimento de deveres e obrigações dos indivíduos e empresas para a com a sociedade em geral.
O que é responsabilidade Social para você? Já leu alguma coisa, já parou para pensar sobre isso ou está esperando chegar na faculdade e algum professor te obrigar a pensar no assunto? Pois é, embora seja uma ilustre desconhecida para muitos é a causa da melhoria do mundo por assim dizer. Se as pessoas parassem para pensar sobre sua responsabilidade para com o outro, o mundo estaria muito melhor do que está.
É exatamente sobre isso que o livro de Paulo Sertek trata, sobre o comportamento das pessoas na sociedade, seja no ambiente de trabalho ou não. O autor fala sobre desenvolvimento humano, de ética e de valores. Um assunto muito bom para ser debatido hoje em dia, tendo em vista os acontecimentos políticos no país.
O propósito do livro é fazer o leitor pensar e mais do isso, agir. Com exemplos simples, que podem e devem ser colocados em prática, conseguimos entender o que é responsabilidade social de verdade. O livro é dividido em duas partes: a primeira sobre transformação e o papel das empresas nesse processo, mas veja bem, a transformação provocada pela empresa é decorrente da mudança das pessoas que lá trabalham. 
Não podemos nos esquecer disso, temos o hábito de desumanizar o que lemos, todo processo de mudança é feito por pessoas, seja no governo, no ambiente de trabalho, no local de estudo, nos meios de transporte...ou vai me dizer que nunca viu alguém sentando em um assento preferencial, fingindo que está dormindo ou simplesmente ignorando um idoso ou um deficiente para não lhe dar o lugar a que tem direito? Então, é assim que a vida funciona.
Essa mudança (para melhor) na ética ou seja, quando o ser humano adquire um grau maior e melhor de consciência e de seu papel na sociedade, na comunidade onde vive ou na organização onde trabalha é o tema da segunda parte do livro, trazendo ao leitor atividades de auto avaliação para fixação do aprendizado.

Uma coisa muito boa desse livro é que te leva a refletir sobre o seu comportamento enquanto ser pensante, será que posso dizer assim ou simplesmente te leva a pensar se você dirige realmente seus passos ou é um “maria-vai-com-as-outras”? Por que? Porque somos bombardeados o tempo todo com exemplos nocivos: o cara desonesto que se deu bem e o cara honesto que se deu mal, a garota que deu o golpe da barriga ou casou por interesse, o cara que vai para a balada e usa todo mundo sendo o maior mau caráter e acha que é o bom, isso só para começar. 
Nós precisamos de bons exemplos para nos espelharmos e que precisam ser valorizados, o gari que achou o dinheiro e devolveu, o sujeito que achou a conta e pagou, gente que ajuda a atravessar a rua, dá informação correta, procura fazer o bem sem ver a quem. E também trazem atividades de auto avaliação como complementação do aprendizado. Contribuem ainda para melhorar a experiência com o texto os estudos de caso e artigos para reflexão.

 

Miguel Sanches Neto - A Segunda Pátria

Editora Intrínseca
320 páginas
Gênero:Romance Ficcional
Avaliação de zero a dez: 10


Agradeço profundamente a minha amiga Solange Mazia, da Livraria Nobel Mais do Shopping Largo 13 por ter me ofertado esse livro para resenha. Adoro o tema e tive a oportunidade de conhecer a obra desse autor, que além de romancista, é mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de Santa Catarina e ganhador do Premio Nacional Luis Delfino, em 1989, já no início da carreira como escritor e posteriormente o Premio Cruz e Souza.
Miguel Sanches Neto

Como os acontecimentos históricos teriam se desenrolado se o nazismo tivesse se instalado no Brasil? Como a população do país teria se comportado, afinal a grande maioria dos brasileiros é miscigenado, ou seja, é resultado da mistura de raças.
Como as pessoas reagiriam diante do argumento da “supremacia da raça ariana” ou da “purificação de raças”?

Esse é o tema desenvolvido por Miguel Sanches Soares, no seu livro “A Segunda Pátria”. Um livro forte que faz pensar na nossa vida hoje e naquela que poderia ter sido se o Brasil tivesse assumido sua afinidade com o partido nazista alemão de Hitler ou com o partido fascista italiano de Mussolini.

Para aqueles, que como eu, acreditam que os homens são livres e iguais, é um choque. Principalmente porque percebemos que nos dias atuais muitos pensam como alguns dos personagens cruéis do livro e o que é pior, não são nada difíceis de achar. Fiquei lembrando do dia do meu casamento, quando minha sogra argumentou comigo a caminho do jantar com os padrinhos: “Meu filho não tem sangue misturado”. Essa foi uma das frases ou argumentos mais difíceis que já ouvi em toda a minha vida, a gente sempre acha que essas coisas não existem mais e quando vai ver, são bem reais!!!

Crianças no interior de São Paulo
No enredo escrito por Miguel Sanches Neto, o Brasil assume uma parceria com o Eixo do mal, ou seja, está alinhado com o nazismo, compactua com seus valores e esses princípios prevalecem com mais poder no sul e sudeste do país, em Santa Catarina, Porto Alegre chegando ao Rio de Janeiro, estados que tiveram uma atuação mais viva do partido nazista. 

Time de Cruzeiro do Sul, bandeira com suástica
Nesse período conhecemos o personagem principal, um engenheiro, Adolpho Ventura que perde tudo: sua casa, sua liberdade, o emprego, todos os seus direitos pelo único fato de ser judeu? Não, por ser negro.

Jesse Owen campeão olímpico
de atletismo em Berlim
1936
Muitas pessoas se esquecem que o nazismo não odiava somente os judeus, negros também eram considerados inferiores, daí o fato de um atleta negro ter vencido as olimpíadas de Berlim em plena 2ª Guerra Mundial teve um impacto tão grande, justamente quando a supremacia da raça ariana deveria ter sido consumada aconteceu exatamente o oposto: um negro (Jesse Owen) ganhou a prova e ainda por cima com Hitler assistindo, um tapa na cara do racismo. Aliás se você leu “A menina que roubava livros” vai se lembrar do garoto que queria correr como Owens. 

O impressionante é que Ventura é culto, estudou em escola alemã, fala o idioma, ama a literatura e a cultura alemã, que corrompida por esses valores distorcidos sobre a purificação de raças e supremacia ariana, o rejeita.
Paralelamente acontece a história de Hertha, uma garota simpatizante do nazismo que, devido a uma série de acontecimentos, revê seus conceitos. Como o essas histórias se cruzam, não posso falar. Mais que isso é spoiler!!!!
Olga Benário
Deportada por Getúlio e
executada pela Gestapo
Tem que ler e pensar: isso podia ter acontecido aqui mesmo! Afinal Getúlio simpatizava com os ideais nazistas e fascistas, lembrem-se de Olga Beneráio, esposa de Luiz Carlos Prestes, presa no Brasil em 1936 e deportada para a Alemanha, detida pela Gestapo, levada para a Barnimstrasse e executada aos 34 anos com mais 199 prisioneiras no campo de extermínio de BernBurg. Detalhe: Olga estava grávida e teve sua filha na prisão.

Capítulos terríveis da história real que não podem ser esquecidos de maneira nenhuma. A narrativa ágil de Sanches Neto nos acorda e nos alerta: esse perigo ainda ronda nossa vida. Nunca os movimentos neonazistas estiveram tão presentes como hoje, são manifestações de intolerância e ódio racial declarados todos os dias e notificados pela imprensa brasileira, não só no sul do país, mas nas capitais como São Paulo e Rio de Janeiro.
Cartazes apoiando o nazismo
nos dias de hoje.
Não podemos deixar isso ir em frente,  levantamos nossa voz e gritamos bem alto: Progrom (extermínio, violência) nunca mais!
Sanches Neto publicou vários livros, todos com crítica e aceitação excelente. 
Você pode saber mais sobre ele e sua obra no site oficial: http://miguelsanches.com.br/

06 junho, 2016

Clássicos da Literatura - Eleanor H. Porter - Pollyanna e Pollyanna Moça


Todos os pais deveriam ler
para seus filhos

Editora Martin Claret
Tradutor: Luiz Fernando Martins
458 páginas  romance
Apêndice 13 páginas
Gênero: Infanto-Juvenil
Avaliação de zero a dez: 10!!!


Assim como hoje, em 1913 quando o livro Pollyanna foi escrito, o mundo estava sedento por esperança. Eram tempos difíceis, os acontecimentos levavam a crer que haveria um grande conflito na Europa, sim, a que a 1ª Guerra Mundial ia acontecer mesmo. 
Se fosse hoje, seria ligar a televisão e assistir o noticiário, tudo levando a crer que os dias seguintes seriam os piores possíveis. 

Agora some a isso, uma sociedade austera,onde as regras de conduta, principalmente para mulheres, eram muito rígidas, por exemplo: quando alguém na família morria, as mulheres e crianças deveriam usar preto por ..... anos! Não é fácil não. A opinião dos outros poderia derrubar ou acabar com a sua reputação facilmente. Então, esse era o mundo de Pollyanna, personagem de de Eleanor Porter, que em 1913 vendeu mais de um milhão de exemplares, isso em uma época em não haviam muitos best-sellers.


Esse livro, injustamente discriminado durante anos, agora republicado pela Martin Claret, deveria ser lido para as crianças por todos os pais. Justamente por sua mensagem que resgata a esperança, o amor e a visão de que tudo pode melhorar e que sempre há alguma coisa boa a se aprender ou a desfrutar por mais difíceis que sejam os dias.

Pollyanna é um clássico como o Pequeno Príncipe ou o Jardim Secreto. Uma história que faz adultos pensarem sobre o verdadeiro significado da vida, que é melhor, muito melhor ser, do que ter! Um resgate de esperança, amor e vida em família. Lindo. 
Incentiva, como em nenhum outro lugar,
a leitura infantil.

O livro conta a história de uma menina, filha de missionários, que fica órfã e assim, vai viver com a tia em uma cidade pequena. Acostumada com grandes privações, aprendeu com o pai um jogo, ingenuamente chamado de 'Jogo do Contente' onde você tem que descobrir algum motivo bom, para ficar contente, em qualquer situação que esteja vivendo.

Quando comecei a reler esse livro, me pareceu loucura esse negócio do jogo, mas com o desenrolar da história você percebe o quanto isso pode mudar a maneira de ver a vida e é por causa disso que deve ser lido para as crianças, pois ensina a ser feliz com o que se tem, sem deixar de sonhar ou lutar pelo que se quer. É mais importante ser do que ter!

A menina Pollyana vive com a tia Poly, mulher amarga, sozinha, meio cruel e muquirana, que aos poucos vai sendo envolvida pela doçura, alegria, desprendimento da criança. Você já percebeu como gratidão contagia? Sim, a gratidão pela vida, esse sentimento que hoje tantas pessoas perderam e ficam preocupadas tão somente com o que não tem, que não percebem o que tem de bom...

É lógico que com o passar do tempo, a pequena Pollyanna encanta a todos, transforma a visão e a vida das pessoas com quem convive, mudando a história dos personagens, não que ela não sofra ou não passe por grandes dificuldades ou desilusões, como quando é desenganada pelos médicos e pode nunca mais andar em virtude de um acidente. 

Mesmo assim, com medo, se sentindo sozinha muitas vezes, com saudades dos pais, ela é como um sol quentinho que entra pela janela numa tarde fria. O livro reforça a ideia de que os problemas que surgem, sejam quais forem na família ou de relacionamento podem sempre ser resolvidos com um bom comportamento ético-afetivo (com respeito, amor, honestidade e tolerância).

Um dos pontos fortes dessa versão da Martin Claret é que a tradução foi feita diretamente do original, então resgatou-se a linguagem doce e fluente de Eleanor H. Porter que havia se perdido em versões anteriores. E as ilustrações (que criança não adora?) são um primor. E uma coisa  que achei genial, traz um apêndice com orientações para professores usarem em sala de aula, para que haja um maior aproveitamento e aprendizado da obra. E detalhe: não são dicas superficiais.

Você vai adorar. Leia e veja quanta coisa você perdeu olhando apenas para o lado ruim dos acontecimentos, para nós que somos adultos, é um grande exercício de como não murmurar mais, não reclamar, aprender a ter esperança e em como manter seus sonhos vivos.


Pollyanna é como a Princesinha, O Jardim Secreto e o Pequeno Príncipe, um livro para adultos refletirem e que tem sementes maravilhosas para serem plantadas no coração dos pequeninhos de que o bem sempre vence.

Quero deixar um agradecimento especial à Livraria Nobel do Mais Shopping Largo 13 que nos ofertou o exemplar. Adorei!!! Não é à toa que não saio de lá, o pessoal e o tratamento que se recebe ali não encontra em outro lugar.

Mais alguns detalhes sobre a autora:
Eleanor H Porter, mais de 200 contos escritos
e mais de 1.000.000 de livros vendidos
Eleanor H. Porter nasceu nos Estados Unidos, tinha uma saúde frágil e logo cedo foi direcionada para o campo das artes. Foi cantora lírica, muito talentosa e após seu casamento, encontrou-se na literatura. Escreveu mais de 200 contos e teve pelo menos 17 livros publicados na época. É uma das autoras infanto-juvenis mais queridas dos EUA, mas também escreveu para adultos.
Pollyana foi publicado em 1913 e traduzido no Brasil em 1934, por ninguém menos que Monteiro Lobato (Cia Editora Nacional, Biblioteca das Moças).