06 novembro, 2016

12 julho, 2016

Ken Follett - Queda de Gigantes

Editora Arqueiro
912 páginas
Tradução: Fernanda Abreu com colaboração de Fabiano Morais
Gênero: Romance histórico
Avaliação de zero a dez: 10!


Já falei aqui de Ken Follett, um escritor fantástico, pesquisador excelente, cujos livros são sempre recordistas de vendas e não é para menos. Tem  milhares de fãs no mundo todo e acredite são todos merecidos.

Ken Follett
Atribuir sua fama ao fato de ter ganho o Edgar Award já no primeiro livro em 1978 (O Buraco na Agulha) seria no mínimo injusto, ele começou bem e mostrou que tinha talento de verdade, seus livros seguintes O Triângulo, A Chave de Rebeca, o Homem de São Petesburgo, entre outros, foram todos sucessos de venda e de crítica. Ele sabe o que faz, é filosofo de formação e começou a carreira como jornalista, ou seja, sabe o que vai na mente humana, em teoria e na prática dos acontecimentos.

O primeiro livro dele que li foi Pilares da Terra, passei pelo I e II e já queria ler as outras obras dele, me apaixonei por Mundo sem Fim, cuja resenha está aqui no Blog, preciso colocar as outras.

Série Downton Abbey retrata a nobreza inglesa
no início do séc. XX
Pensei, será que ele esgotou? Que nada, quem é bom, é bom mesmo, dei de cara com Queda de Gigantes na Livraria Nobel Largo 13 e é um calhamaço, 900 páginas! Mas pensei: esse cara é muito bom, não tem como o livro ser ruim. Não mesmo!!!

Agora, imagine uma saga daquelas de tirar o fôlego, cinco famílias e seus destinos entrelaçados, nobres, ricos e pobres,serviçais, trabalhadores braçais, todos unidos pela guerra, em alguns momentos lutando do mesmo lado e em outros, de lados opostos.

Front alemão 1ª Guerra
Um dos aspectos brilhantes de Follett é a capacidade de descrever (graças a muita pesquisa) o contexto cultural e social da  época. 

Sou historiadora por formação e realmente fico impressionada como ele tem a capacidade de "ensinar" sem ser chato, detalha os costumes das decadentes aristocracias inglesa e russa , seus preconceitos e costumes rígidos, suas oportunidades e privilégios concedidos apenas pela questão de berço, uma coisa que pouca gente entende e conhece tão bem: a lei da herança britânica e seus meandros, a hipocrisia admitida e mascarada dos falsos moralistas. Não tem igual.


Junte a essa receita, uma boa camada de despertamento do movimento trabalhista vindo da classe operária, os mineiros, provocada pela fome, ambição dos empresários, o descaso dos políticos, que pensavam que a classe operária tinha a obrigação de servir. Isso tudo já daria um bolo espetacular, mas os ingredientes não param aí, o recheio principal: A Primeira Grande Guerra. Sensacional.

Kaiser Alemão
Homens que se odeiam no mundo tem que lutar juntos para não morrerem. Talentos que surgem, posições sociais que provam não fazer a mínima diferença na hora da luta pela vida.
Follett é um mestre.

Ele aborda o campo da diplomacia, os países envolvidos, as discussões de gabinete, os meandros da política. Mas você deve estar pensando só guerra? Claro que não, eu disse que ele é um filósofo e como tal discute as relações humanas, seus valores, princípios, sua moral, seus costumes, seus amores. e traz essa visão maravilhosa misturando a ficção com a realidade.  


Personagens como WistonChurchill, o Kaiser Alemão, o Presidente Wilson (EUA) contracenam com Billy Willians, jovem mineiro do País de Gales, que com sua irmã (Ethel) se engajam no movimento trabalhista, ele pelo direito dos mineradores e ela pelo direito do voto feminino, uma sufragista que adota as idéias de Christabel Pankhurst (personagem real).
Christabel Pankhurst
sufragista inglesa


Fábrica de armamento
Além deles o Conde Fitzherbert representa a aristocracia inglesa conservadora, sua irmã uma aristocrata moderna e sufragista, amigos alemães e nobres e camponeses russos, o movimento Bolchevique, noossaaaaaa!!!


Grandes amores, amores impossíveis, amores condenáveis, lutas, famílias, guerras, mortes, esperanças.

Decididamente você precisa ler esse livro. Eu já estou desesperada pelo segundo volume da trilogia....

30 junho, 2016

Paulo Sertek - Responsabilidade Social e Competência Inter Pessoal

Editor IBPEX
398 áginas
Gênero: Educação, Recursos Humanos, Inteligência Emocional
Avaliação de zero a dez: 7

E aí vamos nós, o que é responsabilidade Social para você? Já leu alguma coisa, já parou para pensar sobre isso ou está esperando chegar na faculdade e algum professor te obrigar a pensar no assunto?
Paulo Sertek
Primeiro vamos falar de, Paulo Sertek, que talvez você não conheça. Doutor em Educação, Professor na Universidade Federal do Paraná, é autor de vários livros, também é mestre em tecnologia e desenvolvimento, além de ser graduado em Engenharia Mecânica. Resumindo, tem e teve uma vida dedicada à educação.
Para alguns sociólogos a responsabilidade social é a forma de retribuir a alguém, por algo alcançado ou permitido, modificando hábitos e costumes ou perfil do sujeito ou local que recebe o impacto. Diz respeito ao cumprimento de deveres e obrigações dos indivíduos e empresas para a com a sociedade em geral.
O que é responsabilidade Social para você? Já leu alguma coisa, já parou para pensar sobre isso ou está esperando chegar na faculdade e algum professor te obrigar a pensar no assunto? Pois é, embora seja uma ilustre desconhecida para muitos é a causa da melhoria do mundo por assim dizer. Se as pessoas parassem para pensar sobre sua responsabilidade para com o outro, o mundo estaria muito melhor do que está.
É exatamente sobre isso que o livro de Paulo Sertek trata, sobre o comportamento das pessoas na sociedade, seja no ambiente de trabalho ou não. O autor fala sobre desenvolvimento humano, de ética e de valores. Um assunto muito bom para ser debatido hoje em dia, tendo em vista os acontecimentos políticos no país.
O propósito do livro é fazer o leitor pensar e mais do isso, agir. Com exemplos simples, que podem e devem ser colocados em prática, conseguimos entender o que é responsabilidade social de verdade. O livro é dividido em duas partes: a primeira sobre transformação e o papel das empresas nesse processo, mas veja bem, a transformação provocada pela empresa é decorrente da mudança das pessoas que lá trabalham. 
Não podemos nos esquecer disso, temos o hábito de desumanizar o que lemos, todo processo de mudança é feito por pessoas, seja no governo, no ambiente de trabalho, no local de estudo, nos meios de transporte...ou vai me dizer que nunca viu alguém sentando em um assento preferencial, fingindo que está dormindo ou simplesmente ignorando um idoso ou um deficiente para não lhe dar o lugar a que tem direito? Então, é assim que a vida funciona.
Essa mudança (para melhor) na ética ou seja, quando o ser humano adquire um grau maior e melhor de consciência e de seu papel na sociedade, na comunidade onde vive ou na organização onde trabalha é o tema da segunda parte do livro, trazendo ao leitor atividades de auto avaliação para fixação do aprendizado.

Uma coisa muito boa desse livro é que te leva a refletir sobre o seu comportamento enquanto ser pensante, será que posso dizer assim ou simplesmente te leva a pensar se você dirige realmente seus passos ou é um “maria-vai-com-as-outras”? Por que? Porque somos bombardeados o tempo todo com exemplos nocivos: o cara desonesto que se deu bem e o cara honesto que se deu mal, a garota que deu o golpe da barriga ou casou por interesse, o cara que vai para a balada e usa todo mundo sendo o maior mau caráter e acha que é o bom, isso só para começar. 
Nós precisamos de bons exemplos para nos espelharmos e que precisam ser valorizados, o gari que achou o dinheiro e devolveu, o sujeito que achou a conta e pagou, gente que ajuda a atravessar a rua, dá informação correta, procura fazer o bem sem ver a quem. E também trazem atividades de auto avaliação como complementação do aprendizado. Contribuem ainda para melhorar a experiência com o texto os estudos de caso e artigos para reflexão.

 

Miguel Sanches Neto - A Segunda Pátria

Editora Intrínseca
320 páginas
Gênero:Romance Ficcional
Avaliação de zero a dez: 10


Agradeço profundamente a minha amiga Solange Mazia, da Livraria Nobel Mais do Shopping Largo 13 por ter me ofertado esse livro para resenha. Adoro o tema e tive a oportunidade de conhecer a obra desse autor, que além de romancista, é mestre em Literatura Brasileira pela Universidade de Santa Catarina e ganhador do Premio Nacional Luis Delfino, em 1989, já no início da carreira como escritor e posteriormente o Premio Cruz e Souza.
Miguel Sanches Neto

Como os acontecimentos históricos teriam se desenrolado se o nazismo tivesse se instalado no Brasil? Como a população do país teria se comportado, afinal a grande maioria dos brasileiros é miscigenado, ou seja, é resultado da mistura de raças.
Como as pessoas reagiriam diante do argumento da “supremacia da raça ariana” ou da “purificação de raças”?

Esse é o tema desenvolvido por Miguel Sanches Soares, no seu livro “A Segunda Pátria”. Um livro forte que faz pensar na nossa vida hoje e naquela que poderia ter sido se o Brasil tivesse assumido sua afinidade com o partido nazista alemão de Hitler ou com o partido fascista italiano de Mussolini.

Para aqueles, que como eu, acreditam que os homens são livres e iguais, é um choque. Principalmente porque percebemos que nos dias atuais muitos pensam como alguns dos personagens cruéis do livro e o que é pior, não são nada difíceis de achar. Fiquei lembrando do dia do meu casamento, quando minha sogra argumentou comigo a caminho do jantar com os padrinhos: “Meu filho não tem sangue misturado”. Essa foi uma das frases ou argumentos mais difíceis que já ouvi em toda a minha vida, a gente sempre acha que essas coisas não existem mais e quando vai ver, são bem reais!!!

Crianças no interior de São Paulo
No enredo escrito por Miguel Sanches Neto, o Brasil assume uma parceria com o Eixo do mal, ou seja, está alinhado com o nazismo, compactua com seus valores e esses princípios prevalecem com mais poder no sul e sudeste do país, em Santa Catarina, Porto Alegre chegando ao Rio de Janeiro, estados que tiveram uma atuação mais viva do partido nazista. 

Time de Cruzeiro do Sul, bandeira com suástica
Nesse período conhecemos o personagem principal, um engenheiro, Adolpho Ventura que perde tudo: sua casa, sua liberdade, o emprego, todos os seus direitos pelo único fato de ser judeu? Não, por ser negro.

Jesse Owen campeão olímpico
de atletismo em Berlim
1936
Muitas pessoas se esquecem que o nazismo não odiava somente os judeus, negros também eram considerados inferiores, daí o fato de um atleta negro ter vencido as olimpíadas de Berlim em plena 2ª Guerra Mundial teve um impacto tão grande, justamente quando a supremacia da raça ariana deveria ter sido consumada aconteceu exatamente o oposto: um negro (Jesse Owen) ganhou a prova e ainda por cima com Hitler assistindo, um tapa na cara do racismo. Aliás se você leu “A menina que roubava livros” vai se lembrar do garoto que queria correr como Owens. 

O impressionante é que Ventura é culto, estudou em escola alemã, fala o idioma, ama a literatura e a cultura alemã, que corrompida por esses valores distorcidos sobre a purificação de raças e supremacia ariana, o rejeita.
Paralelamente acontece a história de Hertha, uma garota simpatizante do nazismo que, devido a uma série de acontecimentos, revê seus conceitos. Como o essas histórias se cruzam, não posso falar. Mais que isso é spoiler!!!!
Olga Benário
Deportada por Getúlio e
executada pela Gestapo
Tem que ler e pensar: isso podia ter acontecido aqui mesmo! Afinal Getúlio simpatizava com os ideais nazistas e fascistas, lembrem-se de Olga Beneráio, esposa de Luiz Carlos Prestes, presa no Brasil em 1936 e deportada para a Alemanha, detida pela Gestapo, levada para a Barnimstrasse e executada aos 34 anos com mais 199 prisioneiras no campo de extermínio de BernBurg. Detalhe: Olga estava grávida e teve sua filha na prisão.

Capítulos terríveis da história real que não podem ser esquecidos de maneira nenhuma. A narrativa ágil de Sanches Neto nos acorda e nos alerta: esse perigo ainda ronda nossa vida. Nunca os movimentos neonazistas estiveram tão presentes como hoje, são manifestações de intolerância e ódio racial declarados todos os dias e notificados pela imprensa brasileira, não só no sul do país, mas nas capitais como São Paulo e Rio de Janeiro.
Cartazes apoiando o nazismo
nos dias de hoje.
Não podemos deixar isso ir em frente,  levantamos nossa voz e gritamos bem alto: Progrom (extermínio, violência) nunca mais!
Sanches Neto publicou vários livros, todos com crítica e aceitação excelente. 
Você pode saber mais sobre ele e sua obra no site oficial: http://miguelsanches.com.br/

06 junho, 2016

Clássicos da Literatura - Eleanor H. Porter - Pollyanna e Pollyanna Moça


Todos os pais deveriam ler
para seus filhos

Editora Martin Claret
Tradutor: Luiz Fernando Martins
458 páginas  romance
Apêndice 13 páginas
Gênero: Infanto-Juvenil
Avaliação de zero a dez: 10!!!


Assim como hoje, em 1913 quando o livro Pollyanna foi escrito, o mundo estava sedento por esperança. Eram tempos difíceis, os acontecimentos levavam a crer que haveria um grande conflito na Europa, sim, a que a 1ª Guerra Mundial ia acontecer mesmo. 
Se fosse hoje, seria ligar a televisão e assistir o noticiário, tudo levando a crer que os dias seguintes seriam os piores possíveis. 

Agora some a isso, uma sociedade austera,onde as regras de conduta, principalmente para mulheres, eram muito rígidas, por exemplo: quando alguém na família morria, as mulheres e crianças deveriam usar preto por ..... anos! Não é fácil não. A opinião dos outros poderia derrubar ou acabar com a sua reputação facilmente. Então, esse era o mundo de Pollyanna, personagem de de Eleanor Porter, que em 1913 vendeu mais de um milhão de exemplares, isso em uma época em não haviam muitos best-sellers.


Esse livro, injustamente discriminado durante anos, agora republicado pela Martin Claret, deveria ser lido para as crianças por todos os pais. Justamente por sua mensagem que resgata a esperança, o amor e a visão de que tudo pode melhorar e que sempre há alguma coisa boa a se aprender ou a desfrutar por mais difíceis que sejam os dias.

Pollyanna é um clássico como o Pequeno Príncipe ou o Jardim Secreto. Uma história que faz adultos pensarem sobre o verdadeiro significado da vida, que é melhor, muito melhor ser, do que ter! Um resgate de esperança, amor e vida em família. Lindo. 
Incentiva, como em nenhum outro lugar,
a leitura infantil.

O livro conta a história de uma menina, filha de missionários, que fica órfã e assim, vai viver com a tia em uma cidade pequena. Acostumada com grandes privações, aprendeu com o pai um jogo, ingenuamente chamado de 'Jogo do Contente' onde você tem que descobrir algum motivo bom, para ficar contente, em qualquer situação que esteja vivendo.

Quando comecei a reler esse livro, me pareceu loucura esse negócio do jogo, mas com o desenrolar da história você percebe o quanto isso pode mudar a maneira de ver a vida e é por causa disso que deve ser lido para as crianças, pois ensina a ser feliz com o que se tem, sem deixar de sonhar ou lutar pelo que se quer. É mais importante ser do que ter!

A menina Pollyana vive com a tia Poly, mulher amarga, sozinha, meio cruel e muquirana, que aos poucos vai sendo envolvida pela doçura, alegria, desprendimento da criança. Você já percebeu como gratidão contagia? Sim, a gratidão pela vida, esse sentimento que hoje tantas pessoas perderam e ficam preocupadas tão somente com o que não tem, que não percebem o que tem de bom...

É lógico que com o passar do tempo, a pequena Pollyanna encanta a todos, transforma a visão e a vida das pessoas com quem convive, mudando a história dos personagens, não que ela não sofra ou não passe por grandes dificuldades ou desilusões, como quando é desenganada pelos médicos e pode nunca mais andar em virtude de um acidente. 

Mesmo assim, com medo, se sentindo sozinha muitas vezes, com saudades dos pais, ela é como um sol quentinho que entra pela janela numa tarde fria. O livro reforça a ideia de que os problemas que surgem, sejam quais forem na família ou de relacionamento podem sempre ser resolvidos com um bom comportamento ético-afetivo (com respeito, amor, honestidade e tolerância).

Um dos pontos fortes dessa versão da Martin Claret é que a tradução foi feita diretamente do original, então resgatou-se a linguagem doce e fluente de Eleanor H. Porter que havia se perdido em versões anteriores. E as ilustrações (que criança não adora?) são um primor. E uma coisa  que achei genial, traz um apêndice com orientações para professores usarem em sala de aula, para que haja um maior aproveitamento e aprendizado da obra. E detalhe: não são dicas superficiais.

Você vai adorar. Leia e veja quanta coisa você perdeu olhando apenas para o lado ruim dos acontecimentos, para nós que somos adultos, é um grande exercício de como não murmurar mais, não reclamar, aprender a ter esperança e em como manter seus sonhos vivos.


Pollyanna é como a Princesinha, O Jardim Secreto e o Pequeno Príncipe, um livro para adultos refletirem e que tem sementes maravilhosas para serem plantadas no coração dos pequeninhos de que o bem sempre vence.

Quero deixar um agradecimento especial à Livraria Nobel do Mais Shopping Largo 13 que nos ofertou o exemplar. Adorei!!! Não é à toa que não saio de lá, o pessoal e o tratamento que se recebe ali não encontra em outro lugar.

Mais alguns detalhes sobre a autora:
Eleanor H Porter, mais de 200 contos escritos
e mais de 1.000.000 de livros vendidos
Eleanor H. Porter nasceu nos Estados Unidos, tinha uma saúde frágil e logo cedo foi direcionada para o campo das artes. Foi cantora lírica, muito talentosa e após seu casamento, encontrou-se na literatura. Escreveu mais de 200 contos e teve pelo menos 17 livros publicados na época. É uma das autoras infanto-juvenis mais queridas dos EUA, mas também escreveu para adultos.
Pollyana foi publicado em 1913 e traduzido no Brasil em 1934, por ninguém menos que Monteiro Lobato (Cia Editora Nacional, Biblioteca das Moças).

23 maio, 2016

Nagib Mahfuz - A Batalha de Tebas

Editora Record
382 páginas
Gênero: Romance
Avaliação de zero a dez: 10

Talvez você não conheça o autor Nagib Mahfuz, eu não conhecia, comprei o livro sem nenhuma pretensão, mas vou te contar: que coisa boa que comprei!

A Batalha de Tebas é o segundo livro de Mahfuz  que ganhou o Premio Nobel de Literatura em 1988, isso por si só já fala muito sobre ele, que também é uma das maiores referências da literatura árabe. 

Para quem gosta de aventura, guerra, intrigas e romance esse livro é perfeito. A história se passa no Egito Antigo, período e local  sobre os quais ninguém escreve, o período em que os egípcios foram dominados pelos hicsos, um povo bárbaro e cruel. Você consegue imaginar uma situação dessas? Parece roteiro de filme e poderia virar um com certeza.

Os hicsos instalaram-se no poder em Mênfis e dominaram o Egito durante três dinastias, no final do império médio: o governador de Tebas morre, seu filho Kamus foge e vive escondido em Nabata, que tem um filho Ahmus, que volta disfarçado de mercador e prepara uma batalha (a do título) para libertar o povo e se vingar dos dominadores.
Ah, mas tem uma história de amor, um grande amor proibido no meio disso tudo.

Mahfuz escreve muito, muito bem, cria os ambientes e os personagens com detalhes, sem 
ser tedioso, muito pelo contrário. Você se vê andando no meio das palmeiras,vivendo um grande amor,fugindo das conspirações, torcendo prá tudo dar certo. Ficando horrorizada
com o povo bárbaro, não querendo que os personagens morram e nem que o livro acabe...
Descobri que além desse romance escreveu outro que é considerado melhor ainda do que este, estou procurando,  Kifah Tibah, de 1944.

Vale muito a pena ler, se tiver dificuldade em encontrar não desista, o meu exemplar infelizmente foi emprestado e nunca mais devolvido, o que me deixou bastante revoltada. Então não perca a oportunidade de ler essa obra desse grande autor, que escreveu vários romances e roteiros, a maioria infelizmente desconhecida no público do mundo ocidental.

12 maio, 2016

Bienal do Livro em São Paulo

Confira os autores confirmados na 24° Bienal Internacional do Livro de SP

A Bienal Internacional do Livro de São Paulo, realizada pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), chega à sua 24ª edição, com atrações multiculturais voltadas para celebrar a leitura. O evento que ocorre entre 26 de agosto e 4 de setembro de 2016, no Anhembi, reunirá as principais editoras, livrarias e distribuidoras, e trará ao público atrações exclusivas, com presença de autores nacionais e internacionais, lançamentos de livros, tardes de autógrafos, oficinas, brincadeiras e debates.
Em sua última edição, em 2014, a Bienal do Livro se reinventou, trazendo para o público um evento democrático, diverso e multicultural, indo muito além da “feira de livros”. Com o tema “Histórias em Todos os Sentidos”, este ano o evento reafirma esse posicionamento, e convida o visitante a vivenciar as muitas histórias que a Bienal do Livro pode contar, de acordo com seus interesses.
Na Arena Cultural, os visitantes terão o contato com autores de best-sellers, nacionais e internacionais, em bate-papos e palestras exclusivas. Nomes como Harlan Coben, Cassandra Clare, Mário Sergio Cortella e Paula Pimenta já passaram por este que é o maior espaço do evento. Neste ano, outros grandes nomes prometem marcar essa edição. Confira abaixo os autores confirmados:
AVA DELLAIRA
Autora do sucesso juvenil “Cartas de amor aos mortos”, que foi publicado em julho de 2014 pela Editora Seguinte (selo do Grupo Companhia das Letras) e está sendo adaptado para o cinema com roteiro da própria Ava Dellaira. Ela atualmente vive em Santa Monica, na Califórnia, onde trabalha na indústria cinematográfica e escreve seu segundo romance (“17 Years”, previsto para 2018).
JENNIFER NIVEN
“Por Lugares Incríveis”, seu primeiro livro voltado para jovens leitores, foi publicado pela Editora Seguinte (selo do Grupo Companhia das Letras) em 2015, tornou-se um best-seller do New York Times e teve os direitos vendidos para 37 países. Em 2017 a história estreará nos cinemas com Elle Fanning no papel principal. O próximo livro juvenil de Jennifer Niven, “Holding up the universe”, será lançado no final deste ano. Além disso, ela é autora de quatro romances para adultos (“American Blonde”, “Becoming Clementine”, “Velva Jean Learns to Fly”, “Velva Jean Learns to Drive”), dois livros de não ficção (“The Ice Master” e “Ada Blackjack”) e um livro de memórias sobre suas experiências no ensino médio (“The Aqua-Net Diaries”).
LUCINDA RILEY
A autora irlandesa do gênero romance histórico participa de sua segunda Bienal Internacional do Livro de SP. Escritora desde seus 24 anos, já teve suas obras traduzidas para 22 línguas e publicadas em 36 países. Apaixonada pelo Brasil, ela volta ao país para lançar dois novos livros pela Editora Arqueiro: A garota italiana e o terceiro volume da série As Sete Irmãs.
AMY EWING
Autora de livros para Young Adults, escreveu a trilogia “A Cidade Solitária”, publicada pela Editora Leya. “The White Rose”, segundo livro da série, chega ao Brasil ainda em 2016. “The Black Key”, o último da trilogia, será lançado nos EUA no final deste ano.
TARRYN FISHER
Autora best-seller do The New York Times, escreveu a “Trilogia Amor & Mentiras” (Love me With Lies): “A Oportunista”; “A Perversa” e “O Impostor”. Iniciou suas publicações de maneira independente e agora traz para o Brasil “A Oportunista”, sua primeira obra traduzida para o português, pela Editora Faro. Em 2015, seu suspense, “Marrow”, ficou entre os cinco melhores livros de Suspense e Mistério do ano do portal Goodreads, disputando espaço com autores como Stephen King.
KEVIN HEARNE
Fã incondicional de Star Wars desde criança, quando já adorava brincar com caças TIE, X-Wings e bonecos, Kevin Hearne é autor de “Herdeiro do Jedi”, parte do cânone oficial de Star Wars, publicado pela Editora Aleph. Hearne também é autor da série de fantasia urbana “The Iron Druid Chronicles”.
O evento conta ainda com 150 expositores individuais e autores independentes. Entre os nomes confirmados estão: Grupo Autêntica, Companhia das Letras, Editora Cortez, Distribuidora e Edições Loyola, Editora Melhoramentos, Editora Moderna, Editora Novo Século, Panini, Grupo Record, Editora Rocco, Saraiva

04 maio, 2016

Gustave Flaubert - Educação Sentimental

Editora Martin Claret
428 páginas
Tradutor: João Barreira
Gênero: Romance
Avaliação de zero a dez: 10!

Lendo esse livro você vai descobrir porque uma obra se transforma em um grande clássico. Esse romance foi publicado em 1869 e é considerado um dos 100 melhores livros de todos os tempos, mas por que tudo isso?


A história é impecável e conta a história de um jovem, Frederic Moreau, que se apaixona por uma mulher mais velha, os encontros e desencontros de uma paixão proibida já estimulam o leitor, mas tudo isso aliado ao fato da história retratar em parte a vida do próprio autor e os personagens serem inspirados em pessoas reais, já muda tudo. Além disso, o contexto é importantíssimo, pois tudo acontece durante a revolução francesa de 1869 e a fundação do Segundo Império Francês.


Ah então é um romance histórico? Mais do que isso. Gustave Flaubert é um mestre em apresentar personagens que fogem totalmente do maniqueísmo comum na literatura onde os mocinhos são bons e os bandidos são maus. Talvez por isso tenha permanecido tão 
Gustave Flaubert, histórias sempre atuais

atual. Frederic Moreau não é bom nem ruim, não é totalmente correto e nem totalmente falho. 

A revolução poderia ser agora no Brasil, na Turquia, na Europa e tudo se encaixaria. A paixão pela mulher do amigo! Você assistiu o filme Simplesmente Amor? O rapaz que se apaixona pela esposa do melhor amigo? Muito atual e sensível.


As inseguranças, a fuga para outros relacionamentos, a volta para a paixão, o desencontro amoroso, tudo cercado por lutas, mortes, bombardeios, buscas por lugares seguros, gente alienada que tenta fazer de conta que o mundo está bem quando na verdade está ruindo ao seu redor...
Esse é o contexto maravilhoso de Educação Sentimental. Se você gosta de um romance espetacular não deixe de ler. Eu o li aos 16 anos e reli depois de adulta, o impacto é o mesmo.
Não perca!!! Recomendo muito,


29 abril, 2016

Dan Brown - O Símbolo Perdido

 Editora Arqueiro
489 páginas
Tradutora Fernanda Abreu
Avaliação de zero a dez: 8


Dan Brown é um autor americano conhecidíssimo em virtude do sucesso de seu livro O Código Da Vinci, que teve sua versão para os cinemas e vendeu mais de 80 milhões de cópias. É um escritor detalhista, seus romances costumas ser bem embasados com pesquisa histórica profunda e adora abordar temas polêmicos sempre envolvendo de alguma forma o embate entre a religião e a ciência. Foi considerado uma  das 100 pessoas mais influentes do mundo, isso não é brincadeira prá qualquer um, afinal seus livros foram traduzidos para mais de 50 idiomas. Ele é um fenômeno editoral com certeza. Tem milhares e milhares de fãs no mundo inteiro.

Assim sendo, não era de se esperar que O Símbolo Perdido também não fosse um sucesso. Robert Langdon é o seu protagonista principal, um professor especializado em simbologia, historiador e um cético por natureza está sempre envolto em mistérios e muita ação.  Costumo dizer que Langdon é o alter ego de Dan Brown, já que ele foi praticamente criado na igreja, cantou em coro, participou de escolas dominicais é um profundo conhecedor dos rituais cristãos e a impressão que dá, é que questiona como ele, todos os princípios que aprendeu na infância e adolescência.

Sim, em todos os seus livros, Código Da Vinci, Anjos e Demônios, Inferno e O Símbolo Perdido a temática é a mesma, homem/ciência x homem/religião. Nesta última aventura o discurso de seus personagens, muito mais do que esclarecer a maçonaria em si, seus símbolos e conceitos, tem como tema a necessidade recorrente de afirmar que Deus é uma fuga humana. Um recurso que é utilizado por todos homens desde o princípio da história da humanidade.

Robert Langdon dessa vez é chamado por um amigo para uma palestra em Washignton DC, mas quando chega lá o que encontra é de arrepiar. Seu amigo foi sequestrado e há um tempo determinado para que ele seja entregue com vida: o resgate depende de Langdon, que terá que decifrar os códigos da Maçonaria e levar o sequestrador a tomar posse de um poder inestimável. O personagem não tem outra saída a não ser colaborar com o sequestrador. Pesquisas científicas envolvendo a noética, códigos escondidos em pirâmides, assassinatos, cerimonias envolvendo crânios, sangue e sacrifícios humanos fazem parte do roteiro a ser seguido.

É entretenimento certo! Desperta a atenção e dessa vez se propõe a te levaa a conhecer outros universos religiosos e a questionar seus fundamentos.
Como sempre e talvez por ser (de certo?!) muito patriota, os Estados Unidos são colocados como o centro do mundo, portador de todos os segredos e conhecimento necessários para a mudança da humanidade.

Tirando o discurso "deixe a fé de lado e creia no homem" que já cansou um pouco, afinal é o 5º livro, já entendi.... é um livro excelente.


27 abril, 2016

Art Spiegelman - Maus História Completa

Editora Quadrinhos na Cia.
296 páginas
Tradutor> Antonio de Macedo Soares
Categoria: HQ, Nazismo
1ª Edição: 2005
Avaliação de zero a dez: 10!

Não pense que se trata apenas de uma história em quadrinhos com uma visão crítica da sociedade nazista contada de uma forma estranha. Longe disso.
Maus em alemão significa rato e é a história de um judeu sobrevivente do Campo de Concentração de Auschwitz narrada por ele próprio ao seu filho Art, autor do livro, que também é responsável pelas ilustrações.

A história contada de uma forma diferente: judeus são ratos, nazistas tem a forma de gatos, poloneses não judeus são porcos e americanos retratados como cachorros, deu ao autor o primeiro prêmio Pulitzer. Isso em si já um fato inédito porque esse é o principal premio concedido a um jornalista.quando sua obra é considerada importantíssima, em termos de conhecimento/denúncia, como contribuição para a humanidade.

Na primeira publicação a história foi lançada em dois volumes e depois do sucesso estrondoso de crítica e público foi compilado num único volume História Completa.

É um tema batido? Jamais. Temos que nos lembrar constantemente das atrocidades que os homens são capazes de fazer e lutar veementemente para que não ocorra nunca mais. E olha que os ditos seres humanos adoram uma pitada de crueldade e não medem esforços para que suas ideias prevaleçam, mesmo que para isso tenham que matar metade da população mundial, basta vermos as notícias sobre as guerras intermináveis na Síria, na Bósnia, no continente Africano. Penso eu comigo mesma que também são outros holocaustos. 


O grande mérito desses quadrinhos é que como os personagens são animais, não há um apelo emocional ou sentimentalista, pelo contrário, com todas as imagens em preto e branco, o livro é perturbador. Podemos dizer claramente, as pessoas são más. Muito más.
Tenhamos claro em nossas mentes que nada, absolutamente nada vale o sacrifício de um ser humano, nenhuma raça é melhor que outra....toda discriminação é um perigo.
Leia, abra sua mente, questione e lute para mudar o mundo.


26 abril, 2016

Rita Lobo - Cozinha Prática

Editora Senac São Paulo
304 Páginas
1ª Edição
Avaliação de zero a dez: 7

Rita Lobo é uma queridinha do público e dos entendidos em uma boa refeição. Se engana quem pensa que a moça é só bonita e simpática. Rita se formou em Gastronomia nos Estados Unidos em 1995. Além disso se tornou colunista na Revista da Folha do Jornal A Folha de São Paulo e depois de muitos pratos provados,lançou seu primeiro livro Cozinha de Estar  em seguida Culinária para Bem Estar- Receitas Anti-TPM (livro  esse que todas as  mulheres deveriam ler).

Rita Lobo não cabe numa forma só, migrou do jornal escrito para a TV e plataformas digitais, criou um site, um canal no Youtube e o programa na GNT.
Seu último livro traz 60 receitas testadas, dicas e técnicas culinárias apresentadas no programa. 

As receitas seguem o padrão da autora, tudo é simples e ao mesmo tempo requintado, ela consegue transformar um lombo num prato de restaurante 5 estrelas e o arroz e feijão de todo dia numa receita especial.
Tudo muito acessível e fácil, detalhado numa linguagem sem complicação. Tá certo que as vezes ela apresenta suas receitas e dicas como se todo mundo tivesse acesso aos ingredientes ou como se eles  fossem baratinhos.

Essa é a minha tristeza, em um tempo de crise como o Brasil vive hoje, deveriam existir mais iniciativas como a do participante do Masterchef Lee, que se dispôs a criar uma cozinha experimental que, utilizando-se de ingredientes simples e baratos, consiga oferecer para as classes de baixa renda ou de baixo poder aquisitivo os prazeres da culinária bem feita.
Chef Lee (Masterchef Brasil 2016)

Por que me digam quem é que dá classe "C, "D" ou "E" consegue comer macarrão de salmão defumado com creme e ervas? A maioria nem sabe que isso existe. Está que nem a música do Pagodinha "Você sabe o que é Caviar? Nunca vi, nem comi, só ouço falar".


25 abril, 2016

Donald Thomas - A execução de Sherlock Holmes

Editora Elevação
362 páginas
Categoria: Policial, Investigação, Suspense
Tradutor: Anke Schuttel
1ª Edição
Avaliação de zero a 10: 4.

Li essa obra de Donald Thomas e ainda não conheço nenhuma outra para avaliá-lo. É um livro bom? Até é, mas quem conhece Sir Conan Doyle ficará com essa estranha sensação de cópia mal feita.

Doyle sabe como contar bem uma história, sua riqueza de detalhes, a paixão de Watson pela inteligência e brilhantismo de Sherlock, que beira a devoção, os chiliques do detetive mais famoso do mundo, sua visão única e sua personalidade conturbada, tudo descrito na medida certa o torna incomparável como autor. Não foi à toa que sua obra perdurou tantos anos e se tornou imortal, base de todos os outros personagens que avaliam a cena do crime. Portanto se olharmos dessa forma seremos mais compassivos com Thomas.
Donald Thomas escreve bem, mas é como querer interpretar um personagem quando um outro ator o deixou marcado para sempre. É impossível evitar a comparação.

Nessa obra são apresentados vários contos que abordam casos "inéditos" do detetive, o primeiro que dá título ao livro apresenta um Sherlock imobilizado em decorrência das drogas que lhe foram ministradas e à espera de um julgamento cujo veredito já foi decidido antes mesmo de sua realização. O tormento, dúvida e busca por uma solução e escape, marcados pelo super ego do personagem estão muito bons.

Os demais contos: O caso da Chave Grega, A Camareira Fantasma e A Rainha da Noite são sofríveis, já  O assassinato de Peasenhall se salva por pouco, lembra mais um Hercule Poirot de Aghata Christie, mesmo assim um pouco deficiente.
Talvez funcionassem melhor como roteiro de filme ou se Donald criasse um personagem seu, ainda que baseado na obra de Doyle.

Como distração até funciona, mas quem é apaixonado mesmo por Sherlock Holmes não vai gostar muito. Meu conselho é comece a leitura do último conto para o primeiro, o resultado é melhor.