12 julho, 2016

Ken Follett - Queda de Gigantes

Editora Arqueiro
912 páginas
Tradução: Fernanda Abreu com colaboração de Fabiano Morais
Gênero: Romance histórico
Avaliação de zero a dez: 10!


Já falei aqui de Ken Follett, um escritor fantástico, pesquisador excelente, cujos livros são sempre recordistas de vendas e não é para menos. Tem  milhares de fãs no mundo todo e acredite são todos merecidos.

Ken Follett
Atribuir sua fama ao fato de ter ganho o Edgar Award já no primeiro livro em 1978 (O Buraco na Agulha) seria no mínimo injusto, ele começou bem e mostrou que tinha talento de verdade, seus livros seguintes O Triângulo, A Chave de Rebeca, o Homem de São Petesburgo, entre outros, foram todos sucessos de venda e de crítica. Ele sabe o que faz, é filosofo de formação e começou a carreira como jornalista, ou seja, sabe o que vai na mente humana, em teoria e na prática dos acontecimentos.

O primeiro livro dele que li foi Pilares da Terra, passei pelo I e II e já queria ler as outras obras dele, me apaixonei por Mundo sem Fim, cuja resenha está aqui no Blog, preciso colocar as outras.

Série Downton Abbey retrata a nobreza inglesa
no início do séc. XX
Pensei, será que ele esgotou? Que nada, quem é bom, é bom mesmo, dei de cara com Queda de Gigantes na Livraria Nobel Largo 13 e é um calhamaço, 900 páginas! Mas pensei: esse cara é muito bom, não tem como o livro ser ruim. Não mesmo!!!

Agora, imagine uma saga daquelas de tirar o fôlego, cinco famílias e seus destinos entrelaçados, nobres, ricos e pobres,serviçais, trabalhadores braçais, todos unidos pela guerra, em alguns momentos lutando do mesmo lado e em outros, de lados opostos.

Front alemão 1ª Guerra
Um dos aspectos brilhantes de Follett é a capacidade de descrever (graças a muita pesquisa) o contexto cultural e social da  época. 

Sou historiadora por formação e realmente fico impressionada como ele tem a capacidade de "ensinar" sem ser chato, detalha os costumes das decadentes aristocracias inglesa e russa , seus preconceitos e costumes rígidos, suas oportunidades e privilégios concedidos apenas pela questão de berço, uma coisa que pouca gente entende e conhece tão bem: a lei da herança britânica e seus meandros, a hipocrisia admitida e mascarada dos falsos moralistas. Não tem igual.


Junte a essa receita, uma boa camada de despertamento do movimento trabalhista vindo da classe operária, os mineiros, provocada pela fome, ambição dos empresários, o descaso dos políticos, que pensavam que a classe operária tinha a obrigação de servir. Isso tudo já daria um bolo espetacular, mas os ingredientes não param aí, o recheio principal: A Primeira Grande Guerra. Sensacional.

Kaiser Alemão
Homens que se odeiam no mundo tem que lutar juntos para não morrerem. Talentos que surgem, posições sociais que provam não fazer a mínima diferença na hora da luta pela vida.
Follett é um mestre.

Ele aborda o campo da diplomacia, os países envolvidos, as discussões de gabinete, os meandros da política. Mas você deve estar pensando só guerra? Claro que não, eu disse que ele é um filósofo e como tal discute as relações humanas, seus valores, princípios, sua moral, seus costumes, seus amores. e traz essa visão maravilhosa misturando a ficção com a realidade.  


Personagens como WistonChurchill, o Kaiser Alemão, o Presidente Wilson (EUA) contracenam com Billy Willians, jovem mineiro do País de Gales, que com sua irmã (Ethel) se engajam no movimento trabalhista, ele pelo direito dos mineradores e ela pelo direito do voto feminino, uma sufragista que adota as idéias de Christabel Pankhurst (personagem real).
Christabel Pankhurst
sufragista inglesa


Fábrica de armamento
Além deles o Conde Fitzherbert representa a aristocracia inglesa conservadora, sua irmã uma aristocrata moderna e sufragista, amigos alemães e nobres e camponeses russos, o movimento Bolchevique, noossaaaaaa!!!


Grandes amores, amores impossíveis, amores condenáveis, lutas, famílias, guerras, mortes, esperanças.

Decididamente você precisa ler esse livro. Eu já estou desesperada pelo segundo volume da trilogia....